O pecado original, crer sem saber



O pecado original é algo, como ouço algumas vezes, que ganhei de brinde somente porque tive a sorte improvável de ter nascido.
 
Pelo que perguntei a alguns, o pecado original é algo assim meio nebuloso, todos o conhecem, mas ninguém me passou uma resposta assertiva, mas mesmo assim a todos a quem perguntei, de uma forma ou outra, acreditam.
 
Não sei porque isto ainda me espanta. Pessoas acreditam, mas nem se quer sabem detalhes sobre o que acreditam. Alguém ou algo revelou a informação e é suficiente para que eles acreditem.
 
A precisão das palavras, aliada ao contexto do escopo, é a verdadeira pedra de toque das ideias. Como acreditar em ideias plantadas se sequer domino minimamente o sentido contextual das palavras envolvidas. O temor, a revelação, o medo e o respeito cego e dogmático no que acreditamos seja transcendental ou místico, contamina de tal modo a nossa mente que temos medo até de raciocinar criticamente os fatos que acreditamos revelados pela decisão onipotente de um deus.
 
Como posso ousar racionalizar ou duvidar de uma revelação, pela qual fui catequizado, posto que pela onisciência aquele mesmo deus onipotente saberia de minhas dúvidas. Assim a maioria prefere aceitar e crer na revelação, do que tomar uma atitude mais cética e racionalizar e criticar mentalmente o conceito do pecado original.
 
Mesmo que deus existisse, mesmo que a alegoria de Adão e Eva fosse verdadeira, menso que eu a entendesse apenas como uma simbologia diferente, não pode ser justo, ético ou coerente que qualquer ser nascido sexualmente da fertilização de um óvulo por um espermatozoide seja passível de punição por um “pseudo-erro” que não cometeu, e que sequer teve oportunidade de realizar ou de evitar.
 
Como pode um feto, um embrião, um bebê ou uma criança ser culpado de “lesa-divindade”? Isto para mim é um absurdo.
 
O verdadeiro pecado original é a estupidez que nos acompanha.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 06/08/2011
Código do texto: T3144176
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