Sumir ou persistir?

* Olhos preocupados, mentes perturbadas. Não há descanso nem paz ao rapaz que, de domingo a domingo, está trabalhando sempre mais. A correria diária não permite reflexão, é luxo sentar e contemplar, desfrutar uma tarde ociosa e transcender os pensamentos corriqueiros.

* Ao invés disso, ônibus e fumaça. Ao invés disso, tragédia e desgraça. Correndo atrás de um sonho insaciável, por vezes duvidoso. As vontades e necessidades se alteram velozmente. Somos comprimidos, todos desconhecidos. Ninguém sabe de ninguém, pouco descobrimos de nós mesmos. E nem poderia ser diferente, o cenário é de caos e desconstrução, perde-se a tal coisa rara, não há interesse em teu sorriso, só importa a conta bancária...

* Números. A todo redor nos esmagando. Somos catalogados, registros esquecidos, um ponto para a audiência e nenhum na consciência. Nossos desejos têm um custo alto, é bolsa, é viagem, é sapato. Sem desespero, trabalhe o ano inteiro, jogue na loteria, o Brasil ficará estável na economia.

* Fatos tristes? Mas o trabalhador persiste. Quem é ele? Cadê a sua imagem, sua crença? Por que só se importam com a aparência? Olhares estarrecidos, pensamentos comprometidos. Há ao redor muita raiva, um mundo de maldade que já esqueceu das esperanças, vive sem verdade, mergulhado em inconstâncias. Mundo que deve ser magro e aniquilar a gordura, deve estar na moda e usar essa textura. Pessoas conduzidas a esquecer e consumir, não devem pensar ou existir... Sociedade que está desiludida e apagada, não tem certeza de quando isso aconteceu.

* Mas de que vale exaltar, ressaltar, dialogar? Não passam de palavras, isso tudo é bobeira para o rapaz que trabalha a semana inteira.

Priscila Silvério
Enviado por Priscila Silvério em 21/08/2011
Código do texto: T3173868
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