Cartas que não enviei

São tantas as palavras

Tantos os sentimentos que hoje

Relendo escritos vãos

Não fazem mais sentido

Cartas que enviei

Com sentimentos não remetidos ao futuro

Amores que amei

E que hoje, são apenas cicatrizes

Bem cicatrizadas

Com suas marcas de uma adolescência boa

Com sonhos juvenis

De lágrimas por amores que nunca passarão (pensava eu)

Sentir-se como um adolescente

Com borboletas no estômago

As cartas que não enviei

Se eu as abrisse hoje

Sairiam mil borboletas

Cada uma com sua cor

Com seu amor

Com seu pensar

Com seu pesar

A vida é feita de amores

De cores

De cartas que nunca chegaram ao seu destino

As cartas que não enviei

Estão cheias de amor juvenil

Cheias de amor a flor da pele

Cheias de esperanças quebradas

De pedaços de mim

As cartas que escrevo hoje

Se juntarão a elas muito em breve

E nem mesmo o passar dos anos mudará seu conteúdo

Por que as cartas que não enviei

E que não enviarei

Estão completamente inundadas de mim

Dos mesmos sentimentos de anos atrás!

Mudaram-se os destinatários

Mas não o remetente!