NO DESERTO...

Atravessei desertos a pleno céu aberto

Como fornalhas sem dó nem compaixão

Delirava impávido quando estendia a mão

Imaginando oásis que não estavam por perto

Meu corpo nu ardia numa fogueira

De sol ardente que me comia o rosto

À minha frente os laivos de fogo posto

Anunciavam-me o caminho da cegueira

Quando a vida não é mais que uma prisão

Por onde passamos sem sabermos de antemão

Que na rua ao lado estava a nossa sorte

Desencontrados traçamos o percurso

Fora de prazo apresentamos o recurso

Vamos descobrir no deserto a nossa morte

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 12/09/2011
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