RECORDA-ME...

Sinto traição na memória

Laivos que vão e vêm

Mas que não se fixam

Artérias que se incendeiam

Mas que logo esmorecem

Chamas que se elevam como torres

Mas que caem no leito do rio

Como fogo de artifício

Que ilumina no ar

E se apaga no solo

Por isso, recorda-me…

A que especiaria sabiam os meus beijos

A que gama de veludo

Correspondia o meu afagar

Quantas jardas percorriam os meus passos

Que filmes de amor passavam nos meus olhos

Que dimensão alcançavam as minhas palavras

Que ilusões brotavam dos meus sonhos

Recorda-me…

Porque o meu coração

De tanto pulsar

Na procura do ritmo certo

Absorve-me a raiz do pensamento.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 19/09/2011
Código do texto: T3228680