RECORDA-ME...
Sinto traição na memória
Laivos que vão e vêm
Mas que não se fixam
Artérias que se incendeiam
Mas que logo esmorecem
Chamas que se elevam como torres
Mas que caem no leito do rio
Como fogo de artifício
Que ilumina no ar
E se apaga no solo
Por isso, recorda-me…
A que especiaria sabiam os meus beijos
A que gama de veludo
Correspondia o meu afagar
Quantas jardas percorriam os meus passos
Que filmes de amor passavam nos meus olhos
Que dimensão alcançavam as minhas palavras
Que ilusões brotavam dos meus sonhos
Recorda-me…
Porque o meu coração
De tanto pulsar
Na procura do ritmo certo
Absorve-me a raiz do pensamento.