Dissidência na essência...

* Por que eu vejo diferente? Por que ficam surpreendidos com a minha constante preocupação? Outros jovens só pensam em namorar, badalar e se rebelar. Outros jovens não me parecem maus...

* Apenas distantes. Um pouco leves, embriagados, cheios de amigos e contatos... Mas frequentemente vazios na hora de se queixar e indignar. Sabem os males, conhecem as torturas, estão inseridos nessa mesma cultura. Ainda assim, há uma liberdade branda e sedutora que os envolvem, são bochechas rosas e carros que os movem... Confesso que às vezes, em dias que me sinto nocivo e contaminado, brota um rancor. Raiva de mim mesmo por não me doar mais a juventude. Nesses dias eu queria ser mais disperso, ter mais relações e risos, ser feito para o perigo. Não é que eu não tenha sido assim, também aproveitei, fiz de tudo e mais um pouco, mas agora me parece impossível agir com leveza e despretensões... Agora são raras as noites infinitas e distorções mentais... Por isso em alguns instantes quase imploro para que os pensamentos cessem, alguns tão maduros que meu corpo jovem não pode suportar.

* Meu corpo... jovem... Minha mente... sem idade... Meus sonhos... desviados. Sonhos de mudar, realidades de manter. Fácil demais se atirar na leviandade? Eu discordo. Não é que busque superficialidade, não busco bebidas ou baladas, apenas sorrisos que me garantam o tudo e o nada. Às vezes encontro o espelho que promete muito tempo, tenta me consolar com uma imagem conservada. Mas a alma não está ali, descrente, carente, quase mutilada.

* Tem dias que só queria mais carinho e proximidade, mas me encontro novamente sozinho, recolhido, apenas outro vulto na cidade. Logo eu esqueço, logo passa e me revolto com outra farsa. Aí me sinto mais eu, menos o alguém que almejo. Nem adulto nem jovem, apenas diferente naquilo que vejo.

Priscila Silvério
Enviado por Priscila Silvério em 25/09/2011
Reeditado em 25/09/2011
Código do texto: T3240258
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