Não sei o porquê?

Em abril deste ano eu tive um pequeno apagão, sei lá o que foi isso, mas, um lapso de memória, fiquei fora do ar temporariamente, como uma tv fica fora do ar, estava, mas não estava, via, mas não via, ouvia, mas não ouvia, fiquei assim quase um dia inteiro e quando voltei à realidade, não sabia o que havia acontecido, e nem ao menos porque estava em um hospital, fiquei lá por mais três dias, não via a hora de voltar para casa, afinal eu não tinha nada, outras pessoas deviam estar precisando do leito, não eu!? A única coisa que me lembro nitidamente é ter visto meu irmão mais velho aproximar-se de mim enquanto eu estava despertando naquela manhã, seria natural, se ele já não houvesse passado dessa pra outra fazia já quase oito anos, mas, o que mais me impressiona é o que veio a seguir, fiquei mais recolhida, em tudo até, faço as coisas mas, não com pressa ou até deixei de fazer outras coisas que gostava por exemplo, até mesmo de escrever no cantinho do recanto, fiquei mais distante de tudo, e as vezes ao fazer algo, vem um pressentimento que é para eu não fazer do meu jeito, mais de outro e assim, acabo por fazer do meu jeito e o resultado é frustrante, por exemplo, outro dia ia sair de casa e costumo sempre levar a bolsa e nunca a carteira, quando peguei a mesma, retirei a carteira e depositei a bolsa no lugar que estava, tive uma forte sensação de que deveria levar a bolsa e mesmo assim, saí só com a carteira, na volta entrei em casa e não dei por falta de nada, mas, a noite ao procurar a carteira percebi que não estava em lugar nenhum de casa, comecei ficar em pânico, tentando lembrar aonde havia deixado a mesma, e nada, comecei a orar e pedir mentalmente a Deus que me mostrasse a última coisa que fiz em relação à carteira, insiste tanto que em determinado momento me vi, assentando a carteira em cima da caixinha dos correios que fica por dentro do portão de barras de ferro, foi como se abrisse um leque em minha mente e eu via como se fosse naquela hora, via minhas mãos depositando a carteira em cima da caixinha dos correios, após ter retirado as chaves para abrir o portão de grades e subir a porta de aço, estava com umas compras nas mãos e a chave, a carteira ficou lá, isto é, ficou sobre a caixinha dos correios, fechei o portão de grades e abaixei a porta de aço e foi tudo, nesta altura meu filho mais velho, já estava me ajudando a procurar pela carteira, ao ver a cena como se houvesse aberto um leque em minha mente, saltei e voei para abrir a janela menor da porta de aço que dava acesso a caixinha dos correios, repentinamente achei que estaria ali ainda a carteira, porque afinal estava dentro de casa, estava após a grade de ferro, portanto nos domínios da minha casa, qual o quê, não havia nada alí, fiquei um misto de indignada e decepcionada, porque pensei: - "Quem quer que tenha pegado, furtou, isto mesmo, furtou, estava dentro da minha propriedade e tinha meu rg funcional e rg normal com foto e todos os meus cartões de banco e de crédito e de mercados e não interessavam a mais ninguém?" - assim, tudo acontecia em meio a esta greve dos correios e dos bancos, nossa! tudo vem para atrapalhar, tudo vem para atravancar a vida da gente, tenho que tirar novo rg, cancelar todos os cartões, e agora? Fiz um boletim de ocorrências pela net, e fiquei sabendo que o rg não saia mais no mesmo dia, que teria que marcar o dia e a hora e saia dias depois, e assim o que era poupa tempo virou agora perda de tempo, mas, vamos lá, vamos atrás dos documentos e vamos aguardar a greve dos correios terminar e os bancos voltar ao normal, tudo virou um esperar, o que eu achei interessante foi o como pressenti em não levar a carteira e sim a bolsa, o quanto eu fui desobediente e decidi levar somente a carteira e deixar a bolsa de lado e o quanto ao orar, e, suplicar a Deus que mostrasse a última vez que tive a carteira em meu poder, e, vi perfeitamente qual foi o último passo em que estive com a carteira em mãos, era como se houvesse aberto uma tela diante de meus olhos e mostrasse a mim a sequência dos fatos, fiquei um pouco assustada depois, nossa!? Como pude vivenciar novamente uma situação passada como se estivesse acontecendo àquela hora, àquele instante, e o quanto foi decepcionante saber que quem subtraiu sabia de quem era pelo fato de ter os documentos dentro, com foto e eu ser muito conhecida neste lugar que moro, foi frustrante mesmo!?...