Quando a saudade não é o bastante
Querida, senta aqui, me deixa contar quantos calos você tem na mão.
Minha mão não está quente, a sua que está gelada.
Pega a dose de vodka na geladeira e senta, então.
Pega pra mim também e cuidado pra não derrubar!
Não. Cuidado. Pronto. Senta.
Lembra daquele dia? Parece tão ontem e tão nunca..
Meu rosto deitado nesse sofá.
Suspiros na parede suja.
Seu suor me aspirando, numa embriaguez inusitada.
Você, em mim, aos poucos.
O álcool não havia sequer sido tomado,
Mas nós já trocávamos as pernas.
E por dentro de mim
Aquela possessão me marcou mais do que só corpo.
Você não tinha calos.
E nossa relação não era calejada.
Nossas saudades uma da outra eram ótimas:
Mantinham a brasa acesa para o sofá ser usado!
E agora, elas não são suficientes.
Eu quero mensagem de bom dia.
Você não quer nada a mais.
E ficamos as duas sentadas no sofá discutindo as saudades.