Quando a saudade não é o bastante

Querida, senta aqui, me deixa contar quantos calos você tem na mão.

Minha mão não está quente, a sua que está gelada.

Pega a dose de vodka na geladeira e senta, então.

Pega pra mim também e cuidado pra não derrubar!

Não. Cuidado. Pronto. Senta.

Lembra daquele dia? Parece tão ontem e tão nunca..

Meu rosto deitado nesse sofá.

Suspiros na parede suja.

Seu suor me aspirando, numa embriaguez inusitada.

Você, em mim, aos poucos.

O álcool não havia sequer sido tomado,

Mas nós já trocávamos as pernas.

E por dentro de mim

Aquela possessão me marcou mais do que só corpo.

Você não tinha calos.

E nossa relação não era calejada.

Nossas saudades uma da outra eram ótimas:

Mantinham a brasa acesa para o sofá ser usado!

E agora, elas não são suficientes.

Eu quero mensagem de bom dia.

Você não quer nada a mais.

E ficamos as duas sentadas no sofá discutindo as saudades.

Talita Tonso
Enviado por Talita Tonso em 14/10/2011
Código do texto: T3275525
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.