Palavras para o ar!
No tecto, no candeeiro, as aranhas enrolam o nosso amor junto com as carcaças das moscas
e a luz funde a nossa dança: a nossa música desligada no interruptor, pára!
A cama desmaia no tapete e tomba a tua fotografia dos meu olhos.
Derreto os cotovelos nas ombreiras das portadas de vidro
e os dias que penduro no nariz, como piercings, são buracos no calendário, do ontem e do outro ontem!
-quando vens meu amor?
São os minutos pontes de nevoeiro entre o chão do meu corpo e a tua estátua?
Não fossem as paredes do meu quarto feitas com os teus cabelos e o soalho da tua pele;
hoje, não calçava o pensamento com os teus beijos.
Este texto, pode ser entendido como uma carta mas, para mim:
é a biblioteca dos minutos que arde no pó das prateleiras, na lareira do meu corpo.
ana maria costa