Palavras para o ar!

No tecto, no candeeiro, as aranhas enrolam o nosso amor junto com as carcaças das moscas

e a luz funde a nossa dança: a nossa música desligada no interruptor, pára!

A cama desmaia no tapete e tomba a tua fotografia dos meu olhos.

Derreto os cotovelos nas ombreiras das portadas de vidro

e os dias que penduro no nariz, como piercings, são buracos no calendário, do ontem e do outro ontem!

-quando vens meu amor?

São os minutos pontes de nevoeiro entre o chão do meu corpo e a tua estátua?

Não fossem as paredes do meu quarto feitas com os teus cabelos e o soalho da tua pele;

hoje, não calçava o pensamento com os teus beijos.

Este texto, pode ser entendido como uma carta mas, para mim:

é a biblioteca dos minutos que arde no pó das prateleiras, na lareira do meu corpo.

ana maria costa

Ana Maria Costa
Enviado por Ana Maria Costa em 26/12/2006
Código do texto: T328214