O silêncio do olhar.

Não consigo entender como diante de tantas provas de amor, um simples lapso de tempo consegue ofuscar o brilho do sentimento que vive nos olhos...

É difícil de aceitar que a violência das palavras seja real, quando o que existe dentro de nós a ser compartilhado reprova tais atitudes...

Vejo que o tempo de minhas idealizações está se consumindo sem que as vejam chegar... E o pior é saber que diante dos absurdos de atitudes e comportamentos, sofrendo por tudo isso, ainda temos o “dever” de amar e não faltar com o cuidado, com o carinho e com a ternura, que embora fragilizados, precisam-se revigorar-se com o seu ânimo interior: concreto ou inventado!

Fico a refletir! Por que se busca ir aos pólos, quando é na linha do Equador que se tem a maior incidência e intensidade de calor para viver?

Por que se buscam caminhos na intransparência ou na falta de clareza; nas mitificações e mistérios que só tornam o diálogo ilusório e nebuloso?

A cada dia recebo créditos de acusações e reprovações, mesmo no olhar... Porém, tudo que for oportuno, sensato, terno, carinhoso..., entre tantos outros, não são vistos; isso porque o espírito da gratidão parece que se afastou das relações humanas ou o seu espaço ainda não tenha sido cultivado como deveria ser...

Decerto, uma coisa é bastante real! E mesmo que o meu cuidado, o meu carinho e a minha ternura queiram, não conseguirão mudar a expressão de meus olhos - reflexos do outro olhar – que projeta à tristeza e a dor, que me estrangulam ao estancar o choro que quer falar.

Minha alegria adotou o pseudônimo de Tristeza e o meu amor, o de sofrimento...

Se minhas emoções estão abaladas, não foram poucas as razões que as fragilizaram.

Receio perder a sensibilidade do que sinto – o sensível – da forma como sinto, do jeito que gosto de viver...

Uma nebulosa está diante dos olhos, e a cada segundo, vejo-a se aproximando. Os olhos perderam o brilho e o visgo do olhar, e o sorriso contribuiu sem o prazer de sorrir. Ele também se entristeceu diante das circunstâncias.

Hoje, se o meu Eu, aparenta ser concreto e real, diante de outro olhar, difícil de ser perceptível, como poderei ter a certeza da sensibilidade em um amanhã incerto e possivelmente sofredor?

Se essas palavras se tornaram redundância, a razão do pensar já se desvaneceu fragilizando-se.

Só o devir, nada mais!

Luiz Carlos Serpa
Enviado por Luiz Carlos Serpa em 22/10/2011
Reeditado em 10/03/2012
Código do texto: T3291142
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