Dores parasitas

Sinto como se eu pudesse chorar dias inteiros. Lamentando essas pequenas decepções constantes que me matam pouco a pouco, tiram o melhor de mim e transformam em pedra de gelo.

Essas discretas dores que não são letais, não me destroem num repente. Mas que me castigam como um câncer no estômago. Comportam-se na mesma forma que um parasita, porque friamente garantem que eu sobreviva, ainda que em estado caótico, apenas para continuarem se alimentando de mim.

Meu corpo inteiro se contorce com esses dramas, debulhando-se em um pranto que corta meu fôlego. Se fecho os olhos, sou engolida por terrores. Então, mantenho o olhar fixo no escuro e vou, assim, me metamorfoseando, construindo mais uma coluna de muros entre mim e o mundo. Até que um dia só me reste como defesa não ser mais.... eliminar meu eu humano.