A CRUZ...

Há em todos nós uma encruzilhada

Estradas confusas

Labirintos

Espaços por onde entramos

Sem saída à vista

Ruas inquinadas

Que nos fazem retroceder

E voltar ao ponto de partida

A cruz onde nos pregam

Nos deixam a olhar para baixo

Como seres superiores

De um universo de risos e sarcasmos

A cruz que nos verte o sangue

Como suor vermelho da angústia

Não temos coroa de espinhos

Mas temos os espinhos que nos coroam

E rasgam por dentro

Nos dilaceram e nos enrugam a face

Nos esmorecem o olhar

Como flor esbatida pelo tornado

A cruz de onde descemos

E que, quando descemos

Nos desvenda a saída abrupta do labirinto.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 19/11/2011
Código do texto: T3344963