PoNtEiRoS

Que dor é essa sem cor, sem cheiro? Dor que invade meu quarto, meu corpo, e violenta minh’alma. Tanto que perde o fôlego meu peito e rasga meus olhos com lágrimas inquietas, sofridas! Que caminho meu Deus devo tomar? Em que direção estou correndo? Que dor será essa? Pelos vestígios de desespero ó subconsciente, entendo que não passa de uma fria e cortante saudade. Deus, como dói... Já posso ver minhas respostas nas horas que fazem questão de se arrastarem, sangrando por completo a esperança de tê-la novamente acorrentada nos meus braços. Agora ando desesperado em meu quarto procurando o doce perfume, que sem qualquer escrúpulo invade-me a alma, e entre um passo e uma solitária lágrima, congelo-me diante do espelho, cujo reflexo, denuncia à meus olhos ainda úmidos, um anjo decaído perante a inevitável e destrutiva dor de tê-la dentro de mim, mas ausente em meus braços. Neste momento, entra pela janela uma feixe de luz lançado de uma lua, que também sente o sofrimento que habita-me neste quarto gelado, preenchido de silêncio e distante do teu corpo quente que matava-me o frio. E o sofrimento aumenta a cada giro dos ponteiros, deixando ainda mais remota a certeza de força. Estou fraco. Sinto-me esgotado e castigado por te querer além do que devo, além dos limites... Além de mim!!! O relógio continua devorando o tempo e secando essa humilde alma que já não tem lágrimas para matar e tampouco, forças para continuar... Agora...

Sem forças...

Caio...

Sofro...

...na escuridão dos olhos que só veem a ti, agarro-me a uma pobre lembrança que, jogada às horas impiedosas do relógio sem coração... Morreu em silêncio. Gritando nossos nomes... Sentindo nossas dores... Enterrando nossos amores. Ó tempo inevitável, cheio de armadilhas... Que dor será essa carregada de assombrações, amor, ódio e paixão? Será mesmo anjo da sabedoria, uma cortante saudade? Será que serei destruído? Tudo que está claro, é que a vida e suas faces não passam de vagas perguntas... ...um oceano gelado, cheio de sonhos mortos e esperanças ainda em casulos, como os frios ponteiros que passam, mas não sabem o que levam em seus segundos... Que não calculam quantas lágrimas caem e nem a dosagem exata de sofrimento depositado aos amores que morrem nos teus ponteiros, sufocados de perguntas, mas vazios de respostas. Meu tempo acabou. O ponteiro girou. O silencio chegou.

GCarlos
Enviado por GCarlos em 19/11/2011
Reeditado em 14/10/2015
Código do texto: T3345258
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