Saudade! Nada mais...

Se eu soubesse definir o que era saudade descreveria agora para contentar o meu pensamento, e não incluir nesse pensar outros adjetivos, que me fizesse devanear para satisfazer minhas lacunas.

Decerto não conseguiria revelar sua dimensão, pois entre o meu sentir e o meu expressar existe um espaço que não consigo mensurar e, que a meus olhos, parece ser infinito.

Sua origem de além-mar nos ajuda a transcender no tempo das aventuras, sem perder sua conexão com o real-presente-efêmero.

Enganam-se àqueles que pensam que [Ela] só existe quando a distância física se manifesta. A pior das Saudades é aquela que os olhos veem, mas que a sua correspondência se torna invisível ao sentimento do outro...

Se os olhos veem e o coração acredita sentir, como se contentar diante dessa dor invisivelmente concreta? Talvez, se nos lançarmos ao ostracismo da percepção poderemos atenuar o fardo do real que não se vê, mas que se sente!

A ideia de tempo nos ajuda a mergulhar em universos alhures... Ressignificando a nossa compreensão do valor que tem o passado e da importância de viver o Carpe Diem.

Mas, contudo, a intransigência do querer não nos permite refletir profundamente, e, às vezes, o preço que se paga torna-se muito elevado, causando fissuras nas colunas de sustentação de nossas vidas.

A sociedade contemporânea nos levar a ser plurais, ou seja, seres singulares pluralizados, que se relaciona com o mundo em múltiplas plataformas de sentidos sem raízes fixadoras, tornando-nos suscetíveis a diversas ondas de neologismos, muitas vezes, sem nenhuma significância, mas de consumo imediato e midiático.

O tempo fala por si só, e a saudade jamais se dissociará dele. Ela encontra-se vinculada a sua temporalidade, num movimento de imersão e submersão constante que só a sensibilidade consegue mensurar e dar a dimensão de sua intensidade.

A Saudade é o espaço de encontro que a vida permitiu aos sensíveis, não aos outros...

Luiz Carlos Serpa
Enviado por Luiz Carlos Serpa em 20/11/2011
Reeditado em 10/03/2012
Código do texto: T3346525
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