O mais interessante do mundo

Primeiro, naturalmente, porque você tem esses olhos que não param de brilhar, e porque ainda não descobri se eles brilham incansavelmente ou se ficam mais brilhantes quando olham pra mim.

Depois, porque você tem essa boca tão macia que é só sua – e deliciosamente minha também nos últimos quinze meses. É uma boca que começa fininha em cima e que vai crescendo em baixo, numa combinação que me deixa maluca toda vez que a encosta em qualquer milímetro do meu corpo.

Tem também o seu cabelo que, de tão fino, insiste em cair no rosto, o que faz com que você fique inutilmente tentando deixá-lo pra cima. E nessa hora, eu aproveito pra sentir seu cabelo macio na minha mão, com a desculpa de que vou dar um jeito nele – o que nunca acontece. Nem com silicones mágicos. Sorte sua, que fica lindo desse jeito.

Depois tem a suas mãos, que tenho a impressão que estão sempre quentes. Quentes e grandes, e assim conseguem ter o que quiser de mim. Mão poderosas, com dedos igualmente poderosos, que me levam pra lugares que nem sei explicar.

Tem também o jeito que você me beija, que pode ser diferente dependendo das suas intenções. Tem aquele beijo que devora, que entra lá no fundo, que engole. Tem o beijo lento, que caminha por cada canto da minha boca, paciente, sem pressa. Tem até beijo no nariz, que é mais poderoso do que um “Te amo”.

Tem o jeito como você me olha quando entro no carro as sextas-feiras. Uma olhada com saudade, que sempre me lembra como é bom te encontrar de novo. Tem também aquelas vezes que te pego me olhando e que me divirto tentando imaginar as indecências que passam pela sua cabeça nessas horas.

Tem também a forma como você me enxerga – inédita e só sua. Uma forma engraçada porque muitas vezes mostra coisas que nem eu tinha visto. Uma forma que motiva, inspira, conforta e incomoda muitas vezes também – porque pega no íntimo, em coisas que são difíceis de cutucar, mas que você faz com maestria. Você me enxerga mais e melhor do que os outros.

Tem também o jeito que acende o cigarro e fala e mexe as mãos sem parar, principalmente quando está empolgado com mais uma das idéias brilhantes que surgem na sua cabeça. E o jeito que você fala do seu trabalho, dos seus sonhos, da nossa casa na montanha.

Tem o jeito que tira o sarro de mim quando fico com sono depois do segundo copo de vinho. E o jeito lindo que deita na cama depois de mim e me abraça gostoso, mesmo eu tendo te abandonado sozinho logo no começo da noite.

E também tem o jeito que dorme comigo. Tem o jeito que me abraça de conchinha ao mesmo tempo que encaixa todo o resto do corpo no meu, como um quebra-cabeça. E nessa hora, aproveito o silêncio pra sentir e escutar você pegando no sono e respirando na minha nuca.

Tem também as deliciosas e intermináveis horas que passamos de manhã na cama, que é o único jeito de me fazer gostar de ficar deitada quando acordo.

Tem também o jeito como vem me falar indecências no pé do ouvido, com aquela voz que me deixa maluca só de escutar. E como, mais tarde, aplica tudo aquilo de disse, de um jeito só seu. E tem o jeito que aprendeu rápido demais como eu gosto de sentir prazer.