Quando a vida está sem sal

Hoje descobri que tenho um nódulo no crânio, no lado direito que está me afetando a visão. Sinto tonturas e fico por algum tempo sem ver nada. O desespero me vem quando imagino ficar cega pra sempre. Então, digo que prefiro morrer.

Não só por isso, mas também por isso, começo a pensar na razão de estar aqui, levando uma vidinha medíocre, sem sal.

Aí, me vem alguém dizendo que não devo ficar assim, ou assado, séria ou emudecida, chorando ou me lamentando... Engraçado, não tenho feito nada disso, apenas fico refletindo sobre o sentido de viver, no meu jeito de encarar as coisas. E, acreditem, ninguém sabe sentir a angústia de outrém, ninguém.

O sal de cada vida, vem de cada vida. O sabore que outra vida possa te dar é efêmero. Se voce sente vontade de morrer, nenhuma outra vida te dará ânimo para viver, mas somente o sal que eu posso colocar em minha vida. Cada pitada, merece uma reflexão, pois sal demais pode estragar tudo. E pensando bem, também ficar sem sal não é tão ruim assim. Digamos que seja um momento propício para buscar outro tempero, talvez exótico, quem sabe ainda não experimentado...

O fato é que, hoje estou assim: medrosa, sózinha, angustiada, apavorada comigo mesma, enojada de tanta mesquinhez, com raiva de tanta filosofia de caixinha de fósforos, da malícia dos infelizes, do egoísmo daqueles que sentem-se felizes com a desgraça de outrém.

Mas eu creio em DEUS, e sei que para o que estou passando, tem um sentido que supera tudo isso. Quem sabe eu O veja, bem antes de todos voces...