Desatentamente perfeito

A atenção está muito valorizada no mundo, e erros nessa acabam por ser condenados sem chance de remediar ou anistiar; apenas, em muitos casos, de tentar novamente. Penso, porém, que a desatenção não é um erro a que se reprove algo ou alguém, se agimos conscientes, aspirando aos corretos fins, os erros de atenção são somente provas de que somos humanos, de que até tentamos fazer o certo, contudo nossa natureza nos desvia ao caminho incerto, a desatenção é o brilho que as coisas necessitam para que se tornem humanas e artísticas; o perfeito, marginalmente, se atine à religião e ao pertencente a outros propósitos, os quais estão aléns, antes ou transcendentes a esta vida.

Defendo a ratificação, e não retificação dos atos desatentos, porquanto que tentar novamente é apenas possibilitar consertar a arte, tentar deixa-la bonita. Não obstante, sabemos que a beleza é subjetiva; apenas adequamos, então, a arte às concepções contemporâneas, esquecendo que o passado ou o futuro encontra-se pronto para admirá-la em sua beleza – desatenta e imperfeita, contudo essenciando a consciência humana: um paradoxo, de um ser com natureza má e incerta; mas que, por muitos, age porque se torne, ele, bom e perfeito.