Ruminação

Detendo-me a observar um boi no campo, pastando sozinho, refletia e ria das vaidades humanas.

O ruminante, de cabeça baixa, o torso saliente,

como que participa de um ritual de sobrevivência.

A ele nada importa mais.

O mundo ao seu redor não existe.

O verde da mata não lhe chega à retina.

Só percebe o limitado horizonte verde sob sua cabeça.

Certos mortais andam a ruminar o que mais seria a vida senão

um voltar ao voltar ao voltar.

Alguns se vêem a alguns passos do abismo e, irrefletidamente, se projetam para o infinito ou para o indefinido.

Outros, mais teimosos, insistem em tentar pular o precipício em que se tornaram suas vidas.

E o fazem tão cheios de si, sem olhar para os lados, que não percebem que não há mais abismo;

que o que antes temiam não mais existe.

Tudo era vertigem, ocasionada pela atitude de passar pela vida sem parar um momento para pensar no significado dela.