O MOMENTO...

É um pedaço de nada que emerge do ocaso

Que vive escondido nas frestas da solidão

Quieto… imperturbável

Que tem personalidade própria

Nos contornos do abstracto

Não se mexe

Porque os seus movimentos

Podem gerar ondas de oportunismo

O momento…

Aquele toque

Aquela palavra que se diz espontaneamente

Aquele beijo inesperado que se recebe

Aquela carícia que nos alarga os olhos

De prazer

É o momento que tem o seu próprio momento

Que não faz parte de temáticas elaboradas

Nem de quotidianos medidos ao minuto

É o telefone que toca

Quando sobre a passadeira

Atravessamos para o outro lado

E sorrimos

Encurtamos o passo

Alheios aos protestos das vozes apressadas

O momento…

O pequeno instante alargado no tempo

A causa/efeito que nos descobre a outra face

De um corpo frio e mente automatizada.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 21/12/2011
Código do texto: T3400565