Tecnologia sentimental

Pensando bem, nem todo mundo gosta de acompanhar as evoluções tecnológicas, principalmente no sentido emocional e afetivo.

Acho que o mundo está dividido ao meio sentimentalmente, uma metade vive amores modernos, mas há outra metade que ainda prefere os romances antigos. Geralmente acabamos caindo na obrigatoriedade de amar modernamente, com tantas evoluções tecnológicas.

Mas será que a tecnologia ajuda ou atrapalha os romances, os amores, os relacionamentos, as paixões?

Antigamente quando duas pessoas apaixonadas estavam longe, se comunicavam por cartas, telegramas, enviando fotos em envelopes, cartões nas datas comemorativas e às vezes com grande dificuldade trocavam umas poucas palavras por telefone. Talvez isso, toda essa dificuldade de comunicação quando se estava distante, fosse o que aproximava mais as pessoas, que solidificava mais os relacionamentos e que incentivava mais os casamentos a acontecerem.

Hoje em dia se está longe do seu amor, temos e-mail, messenger, skype, webcam, celulares ultra modernos, tudo ao alcance das nossas mãos para matarmos a saudade da pessoa, mas talvez toda essa facilidade adie mais os encontros, os retornos, e em alguns casos até extermine a possibilidade daquele algo mais. Acabamos nos acomodando nessa facilidade tecnológica que deixamos de lado a euforia do toque da pele.

Até sexo se pode fazer virtualmente hoje, o que acaba transformando até o prazer em algo superficial.

As pessoas já não fazem mais esforço para se encontrarem, preferem a imagem distante de uma câmera qualquer, já não tem tanta pressa para retornar, nem sede de amar, nem tantos desejos para saciar. Hoje em dia se saciam com a distância.

Sinto falta da minha arvore de Natal cheia de cartões em volta, da minha gaveta cheia de cartas. Aquilo tudo que escrito a próprio punho dava uma sensação de maior proximidade.

Os sentimentos deixaram de serem urgentes e agentes para se tornarem deficientes.

O fácil acabou dificultando.

A proximidade acabou afastando.