Eu tentei!

Tenho dificuldades de começar a dizer o que estou sentindo, mas, talvez, quem vier a ler, possa vir a sentir o que estou dizendo.

A verdade é que eu tentei!

Dediquei-me a vida ao amor que acreditava ter encontrado, abrindo mão de muitas coisas, conquistas até hoje, irreparáveis...

Não quis me dar ao direito de fazer juízo de valor, por isso, resolvi acreditar no que sentíamos, achando ser verdadeiro. E era! Não há dúvida disso!

Muitas foram às dificuldades, crises, dívidas, problemas de diversas ordens, mas, confiava que poderia superar tudo, pois acreditava que o amor que sentia era recíproco, e nele buscava me refugiar fortalecendo-me.

Não atribuo à ilusão ou à ingenuidade. Tudo foi fruto da paixão. Um ato irrefreável, com vontade própria, que se traduzia em amor. Era amor, eu sentia isso!

O sentido de vida para mim está na sensibilidade que temos para sentir as coisas e, assim, valorizar as pessoas. Jamais inverteria o sentido dessa frase!

Tentei ser a pessoa mais dedicada que imaginaria ser. Dei prova do meu amor com paixão, do meu carinho, de minha ternura de meu respeito e de minha plena dedicação. Muitas dessas formas de afeto/sentimento recebi sem nada cobrar em um lapso temporal, outros, nem sob a cobrança tive o êxito de receber.

Se por um tempo possuía muitas virtudes, hoje, elas se encontram na penumbra, sob as brumas que não se permite nada enxergar...

Minhas virtudes tornaram-se desprezíveis e minhas falhas, a ordem do dia, fácil de serem percebidas, comentadas, ridicularizadas, sem respeito algum a minha pessoa...

Tornei-me a escória da gratidão, o desafeto do sentido, o imbecil solitário...

Antes, deslumbrava-me com o teu sorriso. Hoje, do teu sorriso ficaram apenas as ironias que se regozijam na minha desgraça.

Dei o melhor e o mais precioso valor que eu tinha, mas para ti, ele ainda está sob as brumas, não consegues vê-lo, e dessa forma, este valor perde o sentido de existir...

Tentei mostrar por diversas vezes o sentido da vida, mas não a impedindo de conquistá-la pessoalmente, orientando-a para que não sofresse tanto. Nem por isso, ouvi de ti um obrigado!

Chorei contigo sem perceberes que eu chorava, pois sabia quão grande era a tua dor, e nada comentei para que não sofresse mais.

Recolhi-me ao meu estado de insignificância e desprezo gerados por ti, mergulhando na infelicidade que me fizeste viver.

Olho no espelho e vejo um ser fragilizado, com sinais que marcaram sua face diante da dor do desencontro. O reflexo do espelho já não consegue mais me enxergar, nem eu mesmo consigo me ver. Vejo apenas a sombra daquilo que foi...

Essa sentença foi dada por mim mesmo diante da dor da tristeza. Quantos não fazem isso ao sentir-se um ser desprezível de valor?

Eu tentei viver, verdadeiramente, um sentimento verdadeiro, e não um amor inventado para satisfazer ao modismo das canções.

Tentei por diversas formas encontrar a felicidade na sensibilidade de ver a beleza nas coisas, sem faltar com as palavras que confortam o coração.

Não sei bem ao certo, mas se a distância for o caminho e o silêncio tornar-se a linguagem, talvez às trajetórias sejam paralelas, e a possibilidade de se encontrarem no futuro tornar-se-á desprezível.

Em todas as minhas tentativas concretas havia uma parte de mim desejosa de viver, simplesmente, mas, com ternura...

Hoje as ressignifico para superar o tempo perdido.

Vida jogada fora.

Tempo de ingratidão!

Luiz Carlos Serpa
Enviado por Luiz Carlos Serpa em 03/01/2012
Reeditado em 27/11/2022
Código do texto: T3419562
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