ABRIGO...

Momentos de acalmia por vezes persigo

No leito lacrimoso do rio que desliza

Nos dias cinzentos em que corre uma brisa

E os braços no rosto são o meu abrigo

A margem oposta onde prolifera gente

Observa o vulto de quem fala sozinho

Ao longo da corrente vagueio, caminho

Idealizando a fauna que me julga demente

Longe a cidade empobrecida e aberta

Onde voltar é sina mórbida e certa

Esperança de vida ditada por lemas

Que o tempo pare na bruma que acolhe

Que o abrigo sereno só pare no molhe

Onde o rio furioso recusa as algemas

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 05/01/2012
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