DAS PAIXÕES

Elas podem chegar de mansinho, feito garoa fina que molha a cidade nua no final da tarde. Faz um estrago, apesar de não apresentar força. Abala a temperatura, mexe com o ritmo, impõe correria.

Ou não! Podem chegar feito um vulcão, prestes a entrar em erupção. Cheio de energia e com uma vontade louca de dizer ao mundo que ele está vivo... Da mesma forma que a garoa, o vulcão também abala a temperatura, mexe com o ritmo, e impõe correria.

As paixões são tormentos escondidos dentro de cada um, prontos a serem libertados. A paixão, no singular, é o que faz o indivíduo andar sobre as nuvens, mesmo correndo o risco de se machucar, caso venha a cair. A paixão alimenta a alma dos famintos, e até daqueles que nem tão famintos estão. A paixão faz calar todas as razões e impera soberana sobre as forças dos ditos apaixonados. Bem dizem que ela cega, e eu chego mais além: ela emudece, avassala, acalenta, tenciona, aprisiona, faz chorar, faz rir, felicita, contempla, espairece, acalma, atormenta, transborda, completa, não falta, faz falta...

Os amantes são o combustível. A paixão é a combustão. E o resultado dessa mistura só pode ser um: amor, amor e amor.

Sampa, terra da garoa, em um dia ensolarado, vulcânico... 10 de Janeiro de 2007.