Não precisa responder

Há uma diferença sutil entre o verdadeiro e o verossimilhante. Muitas vezes, aquilo que externamos em nossas conversações diárias, não faz parte exatamente da realidade, daquilo que é irrefutavelmente verdadeiro. O que acontece é que, muitas vezes, nós exaltamos de tal forma nosso suposto conhecimento, que acabamos por descarregar balelas em nossos interlocutores.

Nossas opiniões são tão valiosas, gloriosas e narcisistas, que só podem ser comparadas ao nosso amor por nós mesmos e nossos familiares e talvez, alguma religião. É difícil, caro leitor, você concordar com tal fato, pois neste exato momento acredita que eu esteja errado, só para sua opinião prevalecer mentalmente.

Eu percebo – algo que já fora percebido há muito tempo atrás por outras pessoas, inclusive – nos incontáveis diálogos, que nos circundam, inevitavelmente, dia após dia, um grande contingente de pessoas que estão pouco se fodendo para o que você tem a dizer - e digo isto com a mais empírica das conclusões -, apenas esperando, entediadas, o momento que lhes cabem falar. Ou seja, esperando a sua vez de dar o ar da graça. E isto não surpreende, já que cada dia torna-se mais difícil a real convivência entre as pessoas reais, sem que estejam em um mundo paralelo em pensamentos, altercando com as próprias perguntas sem que tenham tempo de responder às dos outros. Portanto, a dificuldade em manter um diálogo despretensioso, gradativamente, tende a piorar. Eu me arrisco a dizer, que num futuro nem tão distante, nós não conseguiremos mais olhar um para a cara do outro - assim como não mais suportamos o simples ato de responder a uma pergunta sem que precisemos estar sempre certos.

É certo que alguns fatores contribuem para uma boa conversação (algo que um dia contaremos aos nossos netos, quando perguntarem o que é conversar), sendo alguns deles o Google, uma cadeira e um teclado em mãos.

JimMorrison
Enviado por JimMorrison em 07/01/2012
Reeditado em 07/01/2012
Código do texto: T3427212