FATÍDICA FELICIDADE CONVENIÊNTE

Estariam os lobos existencialistas agindo em estado persecutório? Poderia se afirmar os sintomas de uma provável síndrome sartreana?

Algo ainda é vero: - A desesperada busca pela felicidade da medíocre, pragmática e decadente era moderna, confinada nas suas escolhas por conveniências; túmulos antecipados. Perfeito reduto de neurônios inertes: produto de uma operação meticulosamente elaborada, cujo termo final restringe-se na descelebração das massas, na sistematização da ignorância humana como culto.

Sem reticências: da louvável condição de “Ex-sistere”, o homem moderno desce atordoado e cego os degraus de sua espécie, atingindo o patamar da pérfida e aceitável condição de sub-existência, quando a única opção de perpetuar a proliferação de si próprio é a megera via da conveniência. Eis aí o colapso fatal do pensamento, a falência múltipla do processo revolucionário individual.

A questão da felicidade através das escolhas por conveniência, seja qual for o motivo, recua de forma horrenda as primazias da veracidade da filosofia, transformando em mero julgamento a sapiência marginal do instinto filosófico do “animal pensador”.

A busca da felicidade por esse protótipo falido, denominado sociedade moderna, encolhe-se de modos mesquinhos no ganancioso e desajustado acúmulo de frações materiais: - a putrefata convenção do “quanto mais, melhor”. Estabilizando-se a patética representação do “lay-out” social; gôndolas capitalistas repletas de ideologias de consumo, com data de fabricação e prazo de validade indefinido. Ingestão ingênua sem precedências e procedências por parte de uma massa humana de senso comum, manipulada pela prática ignóbil do mecanismo vigente.

Em estado de desesperação pela ausência de senso crítico, o homem desse século, chafurda-se cada vez mais na lama da ignorância, engolindo garganta abaixo, leis e morais dogmáticas criadas pelo sistema, como sinônimos de felicidade.

Pobre e infeliz prisioneiro das masmorras capitalistas, na incansável procura da felicidade, acorrentado pelos falsos conceitos que o deixa distante dos também modernos e falsos padrões de bem-estar, arrastando pesadas bolas de ferro, o homem moderno em sua douta puerilidade existencial, enxerga vagamente um mínimo espaço para locomover, cognominado de religião.

Partindo do pressuposto que a vero-liberdade exige uma praxe consciente, a então busca da felicidade pelas arestas da conveniência oferecida pela religião, oportuna ao homem uma felicidade ideológica, uma autêntica fuga ilusória, que devido à efemeridade racional da maior parte da massa social, fica incapaz da percepção de compreender que inutilmente permutou as pesadas bolas de ferro do consumismo capitalista pelas pesadas bolas de chumbo da religião. Está o homem temporariamente feliz, mas cego diante da nova masmorra.

O homem deste século, adestrado por este pragmatismo decadente de ordem material e espiritual denominado conveniência, facilmente se torna presa das famintas e inescrupulosas ideologias dissimuladas na felicidade moderna.

Brutalmente a busca da felicidade por estas vias, conduz o homem comum ao encontro de seu próprio labirinto.

Confuso vive confuso morre.