Monólogo-cogitações II

Quando morei no sudeste, num dia de agosto estive observando que as folhas da amendoeira em frente ao meu apartamento, estavam se tornando avermelhadas e caindo, estavam deixando o chão com outro aspecto e cor, queria ter feito uma foto, para deixar registrado o momento como fiz certa vez da paisagem de um sitio onde passei uns dias de férias. Nos finais de tarde fui observando que um casal de rolinhas estava fazendo um ninho nos galhos da amendoeira. Já estavam acasaladas dormindo ali, achei aquilo muito belo, para mim era uma cena de natural romantismo. Era divino aquele ato, sublime e porque não dizer perfeito! Alguém mais frio ou menos sensível, diria que aquilo era um simples acasalamento, e daí? É mais tem coisas que a gente sente e que vão além do que o que a gente vê, não sei se me explico bem...

Havia no apartamento onde eu morava, uns recipientes com água para os beija-flores, estes vinham sempre beber e voavam e trinavam ás vezes brincando uns com os outros, naqueles momentos eu parava prá vê-los e ficava cada vez mais fascinado pela naturalidade, pelo tão pouco que eles precisavam para viver e da importância que davam a simples água, ao espaço e às brincadeiras de voar em momentos de alegria, sem modéstia, julgava-me um dos mais felizes mortais só pelo fato de ter a honra de servir a seres tão simples, tão belos e tão cheios de ensinamentos de vida, alguém mais indiferente poderia dizer e daí? Mas eu continuo com a mesma resposta e continuo.

Uma planta, o vento, as cores do céu, as águas do mar, o reflexo das estrelas, o vôo de um inseto, até a cantiga dos sapos e dos grilos, nisso tudo creio que há sempre uma essência do poder divino, sempre um pouco da suprema perfeição.

Sei, por informações de um amigo pescador e por ter consultado uma tábua de maré, como funciona o movimento das águas do mar, pela posições da lua no céu sei, como podem estar o mar e o rio nos trechos próximos á sua desembocadura, tudo isso são curiosidades da natureza que me interessam. As estações do ano com suas novidades se repetindo... às vezes fico a observar a tranqüilidade das águas do rio, igualmente em certas manhãs de sol, paro muito tempo vendo o trabalho das abelhas nas flores.

Já, depois que assisti ao filme “Inteligência artificial” passei a valorizar mais e mais ainda os seres vivos, fato curioso e marcante para mim no filme é a cena em que um ser espacial diz que os seres humanos possuem algo muito especial que é a alma, se bem que eu já tivesse ouvido isso, mas aquela cena me fez aumentar mais ainda a minha reverncia para com o Criador da natureza.