TU ERAS...

Tu eras o fio que o vento soprava

A gota de água que se escondia no açude

O pingo de chuva que desafiava a lei da gravidade

A cor envergonhada que não cabia no arco-íris

O som da telefonia que já não se usava

A parte segura de uma capa rasgada

O ventre saudável que dava filhos ao Mundo

A cela brilhante no dorso do alazão

O grito de revolta numa arena sangrenta

A lágrima escorrida no rosto inocente

A espada trespassada no corpo caído

O sangue no peito de uma alma em delírio

Tu eras quem…

Na hora do adeus disseste baixinho

Que o sentimento que a vida não resolveu

Resolveu a morte.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 01/02/2012
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