TU ERAS...
Tu eras o fio que o vento soprava
A gota de água que se escondia no açude
O pingo de chuva que desafiava a lei da gravidade
A cor envergonhada que não cabia no arco-íris
O som da telefonia que já não se usava
A parte segura de uma capa rasgada
O ventre saudável que dava filhos ao Mundo
A cela brilhante no dorso do alazão
O grito de revolta numa arena sangrenta
A lágrima escorrida no rosto inocente
A espada trespassada no corpo caído
O sangue no peito de uma alma em delírio
Tu eras quem…
Na hora do adeus disseste baixinho
Que o sentimento que a vida não resolveu
Resolveu a morte.