SOPRAVA O VENTO...
Soprava o vento
Suave… elegante…
Como alazão em dia de corrida
As minhas faces ensinavam-lhe o caminho
Por onde deslizava obscenamente provocante
Os meus olhos pestanejavam
Sacudidos pela leveza
As minhas mãos erguiam-se cegas
Na procura do invisível
De um corpo sem corpo
Que navegava por ares viciados
Da multidão sem norte
Soprava o vento
Dolente e calmo
Como comboio sobre ponte centenária
Sombra do rio indiferente
Alicerçada nas margens verdes da solidão
Ou nas areias limpas do dejecto humano
Soprava e caminhava como serpente
O mesmo vento
O mesmo toque
Por extensão inacabada
Porque como o pensamento
Em da segundo que passa
Começa uma nova vida.