SOPRAVA O VENTO...

Soprava o vento

Suave… elegante…

Como alazão em dia de corrida

As minhas faces ensinavam-lhe o caminho

Por onde deslizava obscenamente provocante

Os meus olhos pestanejavam

Sacudidos pela leveza

As minhas mãos erguiam-se cegas

Na procura do invisível

De um corpo sem corpo

Que navegava por ares viciados

Da multidão sem norte

Soprava o vento

Dolente e calmo

Como comboio sobre ponte centenária

Sombra do rio indiferente

Alicerçada nas margens verdes da solidão

Ou nas areias limpas do dejecto humano

Soprava e caminhava como serpente

O mesmo vento

O mesmo toque

Por extensão inacabada

Porque como o pensamento

Em da segundo que passa

Começa uma nova vida.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 05/02/2012
Código do texto: T3481130