A PENA...
A pena…
Que avidamente mergulha no tinteiro
Trazendo consigo pedaços de ilusão
Que te desenham
Que te procuram através da cor
Corpo que se esconde para além do perceptível
Que coloca na ponta da pena o dom do imaginável
Cabeça…
De que cor vou expor os teus olhos?
Com que expressão ilustro o teu sorriso?
A que extensão entrego as tuas faces?
Com que avidez adivinho a humidade dos teus lábios?
Tronco…
A que planta devo colar o teu pescoço?
Com que pensamento chamo a mim os teus seios?
Que caminhos trilho para chegar ao teu ventre?
Que balanceamento terão as tuas ancas?
Membros…
Movimentarás os teus braços como um corpo de ballet?
As tuas pernas serão de suave tecido por onde mãos escorregam de mansinho?
Os teus pés caminham por onde ninguém ousa penetrar?
Quem és tu que nasces na ponta de uma pena…
Molhada... colorida… figurante de pensamento incerto…