ABRIGO-ME...

Abrigo-me do sol, da lua, da natureza

Como se eu próprio não existisse

Abrigo-me da chuva, da protecção do tecto

Como se só o meu espaço merecesse validade

Abrigo-me do cheiro que exalas

Quanto te desnudas e realças o perfume da tua pele

Concedendo-me o direito de condenar o sensual

Abrigo-me do poema escrito nos teus olhos

Como se preferisse a cegueira ao belo que me afronta

Abrigo-me do som das palavras que proferes

Como se elas ferissem ouvidos em sossego

Abrigo-me de juras de amor

Como se todos os rios desaguassem no mesmo mar

Abrigo-me sem me conseguir abrigar do pensamento.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 11/02/2012
Código do texto: T3492356