ABRIGO-ME...
Abrigo-me do sol, da lua, da natureza
Como se eu próprio não existisse
Abrigo-me da chuva, da protecção do tecto
Como se só o meu espaço merecesse validade
Abrigo-me do cheiro que exalas
Quanto te desnudas e realças o perfume da tua pele
Concedendo-me o direito de condenar o sensual
Abrigo-me do poema escrito nos teus olhos
Como se preferisse a cegueira ao belo que me afronta
Abrigo-me do som das palavras que proferes
Como se elas ferissem ouvidos em sossego
Abrigo-me de juras de amor
Como se todos os rios desaguassem no mesmo mar
Abrigo-me sem me conseguir abrigar do pensamento.