A BARCA DOS DELÍRIOS...

Navego numa barca

Por mares de branda quietude

Dias e noites que o tempo me sufraga

Vejo sóis, vejo luas, neblinas

Sem horizonte que mostre o fim do meu caminho

Isolamento que traça delírios

Testemunhados por aves em voos sazonais

A barca balança

Como o girassol dança batido por suave vento

No ar um sopro de constante presença

O meu ego eleva-se ao mais alto patamar da magnitude

Sou dono de um espaço terrestre submerso

Todas as atenções incidem sobre mim

Porque sou único naquele pedaço de mundo

Sou quem faz ondas onde devia ser planície

Sou quem respira no imenso lago de natureza morta

Onde as únicas palavras são o ranger da madeira onde me sento

Deixai deambular a barca até tocar o molhe do próximo porto

Onde o sonho termina em sintonia com o silêncio

Onde volto a ser prisioneiro de convenções

Com sóis, com luas e neblinas

Sem a áurea de ser livre em mar aberto

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 15/02/2012
Código do texto: T3500104