Desconstrução

Seguindo a marca deixada pela esvoaçante borboleta desprovida de nome, cheguei lá, e gostei do que li, especialmente ao perceber que a sua necessidade de desconstruir, a começar pela palavra, é muito parecida com a minha. Para muitos o mais fácil é reconstruir em vez de desconstruir, mas reparo que esse desejar pegar um atalho é que, de modo geral, coloca tudo a perder. Reconstruir é, muitas vezes, investir naquilo que não pode mais ficar sustentado, pois os cupins alcançaram até as bases, prejudicaram-nas. Desconstruir é ter coragem o bastante, ainda mais quando se está em contato diário com Deus, para colocar fim em tudo, e iniciar do zero, enchendo-se somente do que faz bem e é bom, desnudando-se de tudo que indique ser contrário a isso.

Tenho vivenciado vários estágios em minha vida e em todos eles existe dor. Dores que diferem, mas dores... Dores mais fortes, dores mais delicadas, mas dores... Quebrar cada coisa construída lacera, ainda que não se tenha mais serventia alguma para ela... mas pego com firmeza o martelo e arruíno a última parede que sobrava. Espaço desguarnecido. Desocupado em mim. Processo de desconstrução se encerrando, para, quem sabe, abrir um outro: o de construir, selecionando o local de cada cômodo... dentro e fora de mim.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 19/02/2012
Código do texto: T3508811
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