NO QUARTO ESCURO...
Os meus dedos trémulos tocam a parede
Sem cor… sem contornos
No meu quarto arejado de escuro
Onde os sonhos não existem
Batidos e coarctados pela insónia
O Mundo não se faz sentir
A não ser o que abre as portas ao curso do pensamento
Restam as artérias quais becos sem saída
Que questionam a raiz do sentimento
As calçadas agrestes que trilhaste
Os olhares que ofereceste sem retorno
Os corpos que acariciaste fundados no vazio
No quarto escuro
Onde a réplica não reservou lugar
Estás só…
Separaste de ti as formas que te duplicavam
Os senãos que te confundiam
As vozes que te calavam
As brisas frescas que te coloravam as faces
No escuro e em silêncio
Descobres-te como se a vida tivesse dois sentidos
O da multidão como tenaz que atiça o fogo na lareira
O da clareza que questiona quem és e porque vives.