NO QUARTO ESCURO...

Os meus dedos trémulos tocam a parede

Sem cor… sem contornos

No meu quarto arejado de escuro

Onde os sonhos não existem

Batidos e coarctados pela insónia

O Mundo não se faz sentir

A não ser o que abre as portas ao curso do pensamento

Restam as artérias quais becos sem saída

Que questionam a raiz do sentimento

As calçadas agrestes que trilhaste

Os olhares que ofereceste sem retorno

Os corpos que acariciaste fundados no vazio

No quarto escuro

Onde a réplica não reservou lugar

Estás só…

Separaste de ti as formas que te duplicavam

Os senãos que te confundiam

As vozes que te calavam

As brisas frescas que te coloravam as faces

No escuro e em silêncio

Descobres-te como se a vida tivesse dois sentidos

O da multidão como tenaz que atiça o fogo na lareira

O da clareza que questiona quem és e porque vives.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 20/02/2012
Código do texto: T3509912