PASSOS PERDIDOS...
Quero deambular pelos corredores
Das parcas searas que ainda existem nos meus campos
Correr sem parar
Provocando as espigas com a palma das minhas mãos
Beijando as folhas envergonhadas
Prestes a inundar o chão
Que pisarei no regresso da minha caminhada
Longa como os preceitos da imaginação
Quero ver o sorriso dos trigais
Espelhados nos olhos que os contemplam
Com a doçura irradiada num pôr-do-sol
Sobre o rio quieto e receptivo
Sobre um mar de profundezas exóticas
Que nos aguça o tamanho do pensamento
Quero sentir terra firme sob os meus pés cansados
Sem passadeiras vermelhas nem tapetes protectores
Para poder provar a ténue brisa que vagueia
Leve e doce como música que se ouve ao longe
Quero tudo o que signifique tranquilidade
E não o que apresse a minha morte
Senão, serão passos perdidos…