RECANTOS...
Sei…
Sei dos recantos que escondem a cidade
Das cicatrizes que disfarçam as feridas
Dos ecos abafados pelas ruínas em queda
Sei dos recantos que te embargam a voz
Remetendo-te para o deserto do silêncio
Como se tudo o que existe fosse mera circunstância
Sei das ansiedades que te encurtam o espaço
Que te obrigam a refugiar no recanto do momento
Como se lá fora tudo fosse mar em revolta
Sei dos recantos que te desenham o corpo
Resguardados e estranhamente por tocar
Numa deslealdade atroz para com a fome de desejo
Sei dos olhos que te retratam
Tentando subverter a fuga dos teus olhos
Enquanto os lábios tremem
E as mãos se contraem enlouquecidas de raiva
Sei dos recantos onde gostarias de te refugiar
Só não sei se são também os meus recantos.