MEU GRITO

Todos me olham como se eu fosse diferente, um fora de escala, com defeito de fábrica, não passei no controle de qualidade.

Meu grito acabou sendo a única maneira de dizer o que penso e como me sinto. Pois de forma diferente, não consigo ser autêntico e me fazer ser ouvido pelos "robôs" que me cercam. Digo "robô", não de uma maneira pejorativa, mas sim de pessoas que conseguiram se adaptar, e como podem, fazem sua parte. Meu grito se transformou na minha droga, ou seja, a única maneira que tenho de pôr para fora, centenas de conflitos que não cabem em minha razão.

Quero pedir perdão àqueles que estão ao meu lado, e são queimados pelo calor das minhas palavras, nos momentos em que minha válvula, como numa panela de pressão começa a fazer seu trabalho, mas ao invés de soltar vapor eu vomito minhas indignações e minhas certezas egocêntricas.

Como num vulcão ativo, vivo em constante trabalho e não sabendo exatamente a hora que vou entrar em erupção.

Já fui aconselhado a procurar especialistas, com suas fórmulas mágicas para diminuir a pressão, agradeço os conselhos mas prefiro continuar enfrentando minha sina sem atenunates, sendo eu mesmo em minha caminhada. Não consigo ignorar meus princípios para ter uma briga a menos, apesar de tantas cicatrizes dos inúmeros embates que tive, creio que o remédio, talvez seja a clausura e o eterno debate comigo.

Aos poucos ouvintes que sobraram da minha sinfonia solo, digo tirste e pensativo que somente o amor pode curar minha alma, mas descobri que o amor tem ouvido sensível, e só se aproxima daqueles que tem voz mansa e atitudes cortês.

Doravante gritarei baixo, quem sabe assim, eu acabo sendo ouvido e entendido ou engolido.

RRSabioni
Enviado por RRSabioni em 12/03/2012
Reeditado em 14/03/2012
Código do texto: T3549461