ASSÉDIO MORAL

NO LIMITE DA INSTRANSIGÊNCIA E DA ARROGÂNCIA
Sou do contra, mas nem sempre

Em determinados momentos de nossa vida, é comum colocarmos em risco certas amizades ou relações de diversos tipos conquistadas, pelo fato de simplesmente algumas pessoas não concordarem com praticamente nada do que você diz ou faz. Querem simplesmente assumir o comando de sua vida ou daquele problema especifico que por acaso esteja sendo discutido e/ou vivido.
Isto ocorre com freqüência nas relações familiares, com amigos e principalmente nas relações comerciais, onde todos nós enfrentamos um alto grau de “stress” Com o advento da internet, não tão recente esses enfrentamentos deixaram muitas vezes de ser aquele famoso "roupa suja se lava em casa" para exteriorizar de forma exagerada ou inocente até, certas desavenças ou acidentes em discussões familiares ou entre amigos. Os veiculos usados são mais sofisticados e publicos, mas a essência tem se mantido.

E´ entrar na roda e lá vêm os comentários, compartilhados ou não.

"Não compre bicicleta ergométrica pois vai virar cabide”,

“Porque você comprou esse carro?, ele não tem valor de de revenda",

“carro cor café com leite, compra não, essa cor é horrível”

“Eu se fosse você não colocaria esse adesivo comercial no seu carro, pois chama ladrão”

“Vou lhe dar o endereço de uma ótica moderna, esse óculos seu está muito feio”

“Meu dentista é o melhor da cidade, meu cardiologista é o mais competente e mais atualizado com todas as questões, etc.” – Vou te dar o telefone deles, esse seu médico não serve nem pro SUS.

“Piscina em casa?-pra que? Você não vai usar,

“você é muito prolixo, escreve textos muito longos”

– E às vezes você é até chamado de burro por que pensa assim ou assado, ou porque age dessa ou daquela maneira.

Em muitos casos, numa discussão, dependendo do grau de instrução de cada um ou da intimidade que se tem, nem sempre se está disposto a ouvir esse tipo de coisas, mesmo que você se enquadre num desses itens da artilharia covarde. Você não pode e não deve ficar dando ouvidos a algumas possíveis asneiras, mesmo porque conselho é muito bom, quando requerido.
Dia desses, entrei numa pequena loja de serviços e lá estava uma dessas placas engraçadas e que me inspirou na construção desse texto:
“Não tente ensinar a alguém, aquilo que esse alguém possivelmente possa saber muito mais do que você”.
Em outras palavras: Não quebre a cara, não dê vexame.
E mesmo que você tenha razões de sobra, vai se tornar com certeza um didático-antipático e com certeza não é, e nunca foi muito saudável o choque térmico da teoria dos acadêmicos (e atualmente eles são muito mais arrogantes) com aqueles que possuem a experiência de vida. Sempre estão de lados opostos quando o bom senso e a lógica determina que o melhor resultado para a humanidade, seria o caminhar juntos.

Mas confesso que a possibilidade de ruptura com amigos antigos e com esses atributos, é apavorante, porque deixa você meio aparvalhado, meio sem rumo e com certeza você pode ficar sozinho se for muito exigente.
Na era da comunicação eletrônica, surgiram os “amigos virtuais” que se aproximam pelos mesmos gostos, pelos mesmos grupos (sites com blogs, murais) que freqüentam etc. e o resultado de algumas aproximações pode ser extremamente danoso visto que à distancia pode-se como se diz “chutar o balde” e pode também ser muito divertido quando você se finge de morto. Mas é preciso ter muito cuidado, porque eles são como ladrões, ficam rondando e pegam você na distração e na orgia do anonimato.

Existe o certo e o errado, mesmo considerando que "gosto não se discute" (em freqüentes situações) e subentende-se para os mais esclarecidos, que, quando a verdade fica evidente ou quando não se domina o assunto, melhor ficar calado e aceitar provisoriamente o que o outro está falando, até que se prove o contrário.

Já fiz isto muitas vezes e depois retornei para provar que a pessoa estava equivocada, ou até mesmo para reconhecer minha falha. Aprende-se muito até na adversidade ou nos escorregões. E aprende-se também que em muitos casos, ou até mesmo na maioria das vezes, o "gosto" não deve ser confundido com a verdade ou com a lógica.

Mas tem gente que sistematicamente começa a lhe enfrentar e dizer bem alto, que você é espírito de porco, e que não sabe nada, é sempre do contra e isto na verdade irrita os seus ouvidos, principalmente quando se tem a consciência de que ocorre exatamente o contrário.

Um ser humano ciente de seus limites, de suas responsabilidades e que sabe o que quer, não precisa ficar dando ouvidos à intrusos e desconhecidos e principalmente a ataques anônimos de urubus e espinhos de plantão.

Existe o segmento de pessoas despreparadas que irritam qualquer um, e algumas chegam ao cumulo de afirmar por exemplo, que até hoje, o homem muito provavelmente nem teria mesmo ido à lua, que o Gaúcho não sabe fazer churrasco, que acha certo dar uma gorjeta para o guarda de transito quando a carteira está vencida, que é a coisa mais normal e faz parte da educação moderna tomar banho na frente dos filhos menores, acham correto quem recebe alguma coisa sua pra vender em consignação mediante uma comissão previamente combinada, pode obter um sobre-preço de uma forma escusa, sem que o dono do objeto fique sabendo, enfim coisas que não há como discutir, porque não é uma questão de opinião, pois são práticas, conceitos e ensinamentos errados, dentro de um consenso geral e até mesmo perante a Lei.

Você ouve o cara vomitar asneiras numa roda de Amigos do tipo por exemplo, que é a favor que seu filho use drogas, porque ele mesmo tem que chegar a conclusão que a droga não é boa. Ai, você diante de uma bobagem dessas, fica irritado, e essa pessoa insiste em repetir as mesmas frases de efeito de antes e que você está nervoso e estressado... muito ditador, muito absoluto. Mais ou menos, igual àqueles que chegam em sua porta 7:00 am, num domingo, querendo convencer você a ler a bíblia com eles e aceitar “Jesus vivo” com toda aquela baciada de salmos indigestos.

Tive um problema sério com um grande Amigo meu de muitos anos, quando ele ouviu uma noticia na TV, que quase todos os casos de assédio sexual ocorriam dentro de casa, e os pais estavam envolvidos e eu discordei (do noticiário da imprensa e dele também, claro, da forma como foi exposto) porque normalmente, por traz do sensacionalismo da noticia, vai se descobrir que era o padrasto, o amigo, um primo, ou era um namorado da mãe solteira, viúva, ou separada, ou mesmo se admitindo que fosse o pai verdadeiro, ele com certeza estaria fora do seu juízo perfeito ou muito bêbado e/ou principalmente drogado ou coisas desse tipo que transformam as pessoas em monstros e com certeza esse percentual não seria tão relevante, e fui tentando jogar água na fogueira, porque afinal, ali no recinto estavam as minhas filhas (naquele tempo ainda muito crianças) e as dele também, todas adolescentes e o ambiente assim estava se tornando constrangedor e desrespeitoso até.

Finalmente eu tive que me exasperar com esse meu Amigo, porque ele continuou insistindo em dizer em tom de voz elevada que não, que aquilo já era corriqueiro. Que eu precisava acordar para a realidade, que eu precisava me atualizar e que por isso ele não deixava as filhas dele dormir na casa de ninguém.
Nesse momento, eu tive que me impor, fazendo valer meu ponto de vista, que aqueles números eram mal postos e chamei sua atenção com vigor, pois ele estava aterrorizando o ambiente dentro da minha própria casa. Enfim, eu fiz valer o meu ponto de vista de uma forma ditatorial, e foi em defesa de um comportamento de um pai preocupado com a estabilidade emocional de suas filhas e que afinal de contas, resumindo esse seria um tipo de assunto reservado, mesmo que em ultima análise as informações fossem corretas. Fui arrogante, imperativo e ele em respeito a nossa amizade se calou e no dia seguinte me pediu desculpas, mas mesmo assim deixou uma ironia no ar dizendo que eu estava “tapando o sol com a peneira”.

Eu fiquei estarrecido, porque naquele momento eu percebi que ele não entendeu nada, nada mesmo, do que eu falei, do que eu estava sentindo e o que é mais grave continuava demonstrando que não me conhecia e nem confiava no amigo que tinha, Conclui portanto, que eu sempre agi de boa fé e que no calor da discussão, terminou por admitir que não confia em ninguém. Ora, na minha modesta opinião quem não confia em ninguém não tem capacidade de avaliação, e não tem a mínima condição de um convívio social ou de ter amigos do peito, como se diz. E pior, não consegue confiar em si próprio. Logo eu, um ateu convicto, dando lições de moral, ética, educação e civismo a um amigo que vai em Aparecida do Norte todo ano, cumprir promessas.

Enquanto você está nesse nível, discutindo com pessoas que você tem capacidade para perceber de imediato que elas sucumbirão diante dos seus argumentos, mesmo bradando e xingando você, acusando-o de ser sistematicamente do contra, tudo bem.

O ruim (até certo ponto, porque o ego da gente, não é de ferro), é quando você pega uma roda de pessoas que começam a dar demonstração que sabem tanto quanto, ou muito mais que você. Você se deprime no inicio, tenta disfarçar, porque você é uma pessoa educada e não vai fazer o mesmo que os outros fazem com você:.- Não concordar nunca.

Eu pessoalmente, me rendo, procuro ouvir mais do que falar, pergunto já com a certeza de que vou obter respostas esclarecedoras e saio dali, sinceramente com vontade de voltar e normalmente volto sempre, quando posso. Transformo-me portanto em um humilde aprendiz. Aconteceu agora recentemente quando uma pessoa que conhece haicais, me criticou severamente e eu, humildemente confessei estar ainda aprendendo e que doravante não postaria mais meus versos por aqui, como haicais.

Porque diz o ditado, vivendo e aprendendo, com muita humildade e com muita serenidade sinceramente para saber discernir em debates, principalmente com Amigos, o que seja, bom senso, regras claras da sociedade, e verdades absolutas incontestáveis, que fazem muita confusão na cabeça de pessoas com pouca cultura.

Jamais me considerei o dono da verdade, apenas exerço o meu sagrado direito de opinar.

E o mais importante: Com esse raciocínio sempre tomo atitudes como se diz, “de caso pensado” e quando assumo posturas radicais, jamais as tomo pelo teor alcoólico e sim considerando aquela ultima gota d´agua que fez o copo de toda a minha carga de tolerância transbordar.


Em resumo, já parei de mostrar o dedo em riste para afrontar as pessoas que não gosto, ou que tenham dito coisas que não aprovei ou porque não tenho argumentos para me contrapor assim, sem mais nem menos.

Isto sem dúvida é uma atitude grosseira, mal educada e própria de pessoas que perderam a visão dos limites e não sabem medir as conseqüências de seus atos numa sociedade carente de equilíbrio emocional.
Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 19/03/2012
Reeditado em 29/11/2012
Código do texto: T3563932
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