A GOTA DE ÁGUA...
Saio da escuridão de descreres contínuos
Retidos em rios de esgotos perpetuados
Como se aquele fosse o dia
Como se aquele fosse o momento
Do meu renascimento
Dos primeiros passos sobre terra firme
Das primeiras águas que enfraquecem a nuvem
Que ameaçam com uma pequena gota
Como se fosse batedora de caminhos ínvios
Soltando palavras incitando à nudez
Como se o corpo desejasse ser limpo
Dos detritos que o barraram por tempos incontáveis
A gota de água
Que me cai sobre a face
Que se confunde com a lágrima redentora
Que trava o percurso descendente
Na ânsia de que outras gotas se lhe juntem
Se confundam num emaranhado de emoções
Nu…
Completamente nu…
Deixo escorrer por mim o rio que me devasta
Que me refresca a pele num cenário de estio
Que se esgota no banquete do meu delírio
Que evapora rumo à corrente que o conduz
Que deixa comigo o alvo reprodutor
A gota de água.