L'amour

Hoje vou falar sobre o amor (só que, infelizmente, não encontrei um bom título pra coisa e foi esse mesmo, que se pode pronunciar com biquinho, fica bonito). Não quero saber se é bom ou ruim; bonito ou feio. Isso depende do estágio em que se encontra ou se é amor mesmo. Digo isso porque de vez em quando a gente se empolga quando vê alguém pra lá de perfeito (seja lá o que isso significa) e pensa que é amor, mas é só empolgação mesmo. Já o amor (nem sei se conheci, mas sei de tanto ouvir falar) é um bicho estranho, quase como amizade, só que com uma pitada de loucura e várias de atração física (ou seria o contrário?).

Tem gente que acredita em amor à primeira vista, coisinha um tanto quanto novelesca, a meu ver. E olha que conheço um casal, que está unido pelos laços do matrimônio - pra não dizer casado - há mais de quarenta anos e dizem que foi assim, coisa de bater o olho, comprar e levar pra casa. Eu, com todo meu ceticismo e gosto por coisas complicadas, acredito que eles tenham se empolgado, acabaram por se acostumar à companhia um do outro (naquela época dava tempo pra se acostumar), um belo dia sentaram pra conversar, tornaram-se amigos e, finalmente, amaram-se. Ou não. Quem sabe? Talvez só estejam mesmo acostumados.

Na primeira vez que achei que estava amando, meu mundo caiu, da noite pro dia. Da noite pro dia porque só caiu mesmo quando me dei conta, num daqueles momentos perigosíssimos, de auto-análise, bem no meio duma prova de matemática. Acho que, se não pensasse demais (o que pode não ser exatamente pensar muito, mas por muito tempo), nada disso teria acontecido. Mas, pensando bem, até que me saí bem na prova...

Na última, e segunda vez, foi igualzinho, mas com um pequeno diferencial, típico de gente como eu (como eu, como?): foi de propósito. Queria gostar de alguém que gostasse de mim, respeitasse, ouvisse, blá blá blá. Tropecei na pobre vítima, que estava bem ali no meio do caminho, nem tinha como passar sem levar um capote. O fato é que me convenci porque quis me convencer e, como todo paranóico, quando acha alguma coisa ou que deve se convencer de algo, acaba mesmo achando ou se convencendo de tal. Só não digo que fim levou porque, como diria sei lá quem, "o jogo só acaba quando termina".

O fato é que, de acordo com minha experiência, o amor é fruto das nossas vontades, querenças, confusões e complicanças. Tanto é que passa. Não é como o amor materno (este sim, amor), incondicional, que é inerente às mamães, quer queira, quer não. O danado do filho morre, passa décadas e lá está a pobre coitada choramingando, caindo aos pedaços. A gente não. Vem um amor, termina e a gente só quer terminar junto. Daí vem o vento trazendo outro, que sopra, sopra e acaba por terminar também, dando lugar a outra planta qualquer.

ivi Carvalho
Enviado por ivi Carvalho em 24/01/2007
Reeditado em 12/03/2007
Código do texto: T357538