EM BUSCA DE MIM...
Houve tempo em que falava comigo
Entrelaçava as mãos
Como se fossem dois amores num só corpo
Deixava um olho aberto
Para que só metade de mim adormecesse
Colhia amendoeiras em flor
Para que o fruto germinasse em mim
Alimentando-me das metáforas que eu próprio semeava
Cá dentro o sangue corria por veias díspares
Confluindo em direção ao mar da esperança
Os lábios entoavam canções de dor
Porque todo eu buscava em mim
O que um corpo dividido não pode dar
Não havia sorriso
Porque a indiferença do ser era igual à impotência do querer
Em busca de mim
Escoltado por paredes de vidro impenetráveis
Acusava o silêncio de seita mortífera
E as lágrimas por agitarem a conflitualidade
Não havia sonhos
Porque também os sonhos andavam em busca de mim.