Ave! Arte e Artistas.

Ah! Os artistas! Como é sublime e ao mesmo tempo penosa a sua missão nesta Esfera. Como partilham as belezas, que só eles conseguem exprimir, com os que apreciam sua obra e como ao mesmo tempo só eles podem compreender o preço destas obras. O sofrimento causado por ter o Belo a sua frente e ao mesmo tempo contemplar e conhecer a alma humana com todas as suas imperfeições.

Será que alguém, alem deles próprios, sabe quanto custa para o ser, ver ao seu alcance, sentir bem próximo a si tudo aquilo que vê, e exprimir estes sentimentos, adquiridos junto aos planos do Ideal, nestas obras que darão tanto deleite para todo aquele que aprecia o belo e o sublime e pouco depois voltar ao lodo da humanidade? Vendo os atos cometidos por estes mesmos, que ainda a pouco viram o infinito através de sua obra, mas que se manifestam de forma completamente contrária ao que acabaram de sentir

Sabemos lá o que é O Artista estar em um momento no Olimpo, por um espaço de tempo, o qual por mais longo que seja em termos cronológicos, será sempre um momento curto e fugidio para quem os vive; para aquele que os tem bem a sua frente, bem ao alcance da mão e da caneta; do pincel ou do cinzel; seja qual seja a ferramenta que use para se expressar O Artista e . . ., isto tudo lhe foge, caindo novamente na “realidade” da vida mundana, das paixões desenfreadas. Aqueles sons que pouco antes lhe invadiam a alma, levando ao quase êxtase verdadeiro, simplesmente vão sendo substituídos pelas buzinas dos veículos, pelos gritos do orgulho, os murmúrios da cobiça e até o pranto do medo; o barulho da “realidade”!

Sair de um plano onde perdura o bem . . ., e o mal é apenas uma imagem subjugada pelas cadeias da vontade de seus habitantes. E tornar à este plano, mesquinho e egoísta, onde a virtude é desprezada em favor da vaidade e do prazer de todos os tipos.

Ainda bem que não sou artista, pois creio que se o fosse me sentiria angustiado e em profunda depressão ao olhar pela janela, ao abrir a porta de minha casa e ter de encarar o meu semelhante. Graças a D’us fui poupado de todo este tormento através do pouco entendimento que venho adquirindo desta “realidade”, e da minha acomodação a este entendimento através das ações.

Vivas aos Artistas! Vivas a sua existência e teimosia em existir! E permanece aquela pergunta na mente: Qual a Realidade?