Emergência re-significada...

24/01/2007 – (Às margens do Rio Crixás)

Do profundo do mistério não histórico emerge para ser na história,

Não tem a liberdade, mas a recebe para dirigir a si na existência.

Não importa o gênero da natureza, ambos comportam dissabores,

Importa a liberdade do ser, embora o espinho da dor nem sempre se evite.

Inocência da meninice e pouca malícia da puberdade,

Delicada amargura no início da juventude e dor entendida na adultice.

Das lembranças amorfas dos escombros do inconcebido,

Advêm as dores das marcas do amargo dissabor.

O vermelho do sangue que pintou a história e a esmiuçou em lágrimas,

Quebrou o encanto que tangia a simplicidade para mergulhá-la na dúvida.

Passaram anos e o tempo correu, mas a desconfiança era maior que a objetividade,

Passar ao largo das expressões do grande SER tornara-se a estrada do conforto.

O silêncio é o sacrário da prudência que evita o mal maior,

Melhor confiar ao tempo a mágoa da torpe lembrança a provocar a morte.

O canteiro interior sofre, remói em dor pela memória fotográfica do conflito,

O universo em desencanto se encanta com tamanha obstinação.

O amor se condói com os vestígios da dor amoitada e interroga,

A resposta é apenas o silêncio do inferno experimentado.

O amor se remói e tenta ir..., pela força do SER é retido,

Assume o amor na desconfiança que termina por confiar.

O amor “morre” e vai sem nada entender enquanto histórico e localizado,

Tudo estava no papel que não enxergou em razão do hiato do tempo.

O papel agora lido, sobre a lápide do transitório, molhado em lágrimas,

Simplesmente se desfaz pelas mãos trêmulas da infância indefesa.

Agora o pequeno ser cambaleia como todos os passageiros da vida em vertiginosa busca,

Horizontes finitos se tornam infinitos.

O que não era volta a ser, o que havia passado se torna presente de forma nova,

O que havia morrido, agora ressuscita.

Uma metarmofose está em evidente e ininterrupta ação,

O negativo se torna positivo, o feio fica bonito.

O caminho fechado se abre, os cadeados dolorosos se destrancam,

É a re-significação acontecendo em razão do grande “SER” na nova morada.

Adair José Guimarães
Enviado por Adair José Guimarães em 29/01/2007
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