Escapismo metafórico
A gente andava para uma ladeira de felicidade
Quando tropeçamos nos segredos de uma pedra infeliz
Lembra?
E fumamos um cigarro azulado, sei lá eu o que era.
Mas fez bem pro corte da perna, ela parou de doer...
E então a gente vê uma coisa que não tava lá.
Era um vulto amulherado. Parte violão, parte flauta.
E um sorriso mais branco que tudo no rosto.
Lembra, coração?
A ladeira era agora lama.
E a gente se afundava no meio dela..
Cavalos vinham a galope na tentativa de nos avisar:
A lama não tinha fundo! Era a perna que encompridava a gente!
Mas passou.
Quando saímos, a sujeira e o barro ressecaram nossa pele.
E eu te lambia achando que ia ajudar.
Lembra?
Aí, quanto mais eu lambia, mais eu ia vendo o tom da sua pele.
Branca, quase azul, que nem o cigarro.
E você dura, olhando pra mulher do sorriso bonito.
Anjo era aquilo.
Havíamos fumado a morte, amor.
Lembra?
A memória de um indivíduo é construída por suas impressões da situação e do mundo em si. Por isso, nunca espere sanidade e sensatez sobre a reflexão do momento trágico de alguém que viveu.