Tem que ter balanço

"Balançar é o melhor remédio para depressão. Quem balança vira criança de novo. Razão por que eu acho um crime que, nas praças públicas, só haja balancinhos para crianças pequenas. Há de haver balanços grandes para os grandes! Já imaginaram o pai e a mãe, o avô e a avó, balançando? Riram? Absurdo? Entendo. Vocês estão velhos. Têm medo do ridículo. Seu sonho fundamental está enterrado debaixo do cimento. Eu já sou avô e me rejuvenesço balançando até tocar a ponta do pé na folha do caquizeiro onde meu balanço está amarrado!”

Ler Rubem Alves é sempre um tipo de terapia... Sinto-me presa e me vejo elaborando planos tão singelos e ao mesmo tempo tão libertadores, como o de sonhar com um filho a chegar... já... com rapidez... Nos meus sonhos já providenciei roupinhas, brinquedos, amor e muito carinho.

Em meus devaneios, avancei no tempo e peguei, ainda, lindas flores do meu futuro jardim e esparramei pela casa toda junto com bilhetinhos exprimindo as saudades (inumeráveis) e dizendo "seja bem-vindo, menino". Fiz tudo isso e tinha me esquecido do mais importante: do balanço! Tem que ter balanço, ora! Obrigada, Rubem Alves, por disso me relembrar! Providenciarei, sem falta. E será que alguém aqui tem coragem de me fazer companhia até que chegue o meu menino? Ah, fala que sim, vai! Sempre achei tão desinteressante brincar só...

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 11/05/2012
Código do texto: T3662677
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