Reflexo afro-dourado

Foi no gerais... na fazenda Araras,

Quando o sol se punha por detrás dos arbustos...

Na passagem da vereda

Um rancho pobre de posseiros

Ali se esconde uma família de negros.

Dois jovens sem camisa espelhavam

a cutis da descendência bantu.

O mato em volta, quase escondia o rancho beira-chão.

Aqueles jovens sorriam olhando

o pouco horizonte, descortinando

com o sorriso os dentes brancos que se

destacavam em meio a face negra.

Quando passava, naquela estrada estreita,

vi algo de belo: os raios solares do final da tarde

acrisolava o rebento da natureza

e uma cor diferente tremeluzia sobre a cabeça

daqueles jovens e, “uma espécie de auréola dourada”

circuncidava aquelas mentes de pequenos horizontes,

limitadas pela falta de oportunidade para o

encanto da cultura orgânica.

Foi no gerais... lá pelas bandas dos posseiros das araras

que meus olhos contemplaram aquele fenômeno

ilusório pela ótica do subjetivo.

Alguma coisa certamente foi plasmada:

aquele reflexo pode ser real no universo

simbólico daqueles negros:

A ESPERANÇA DA VERDADEIRA ABOLIÇÃO.

(Assentamento Araras/Marupiara, 02/05/2001)

Adair José Guimarães
Enviado por Adair José Guimarães em 01/02/2007
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