PARAVA O VENTO...
Quantas caminhadas, quantas desventuras
Quantos impulsos de coração incontrolado
Quantas vidas vividas numa só vida
Esperas intermináveis que mais pareciam mortes
Até que um corpo
Primeiro silhueta
Depois anatómico como tantos corpos
Saía do denso voo de folhas outonais
E parava o vento….
Só havia espaço para o espaço que ocupavas
Nada bulia
O silêncio era quebrado pelo som dos teus passos
O ar comprimido suava-te os lábios
Abertos…
Como se de ti fosse sair a palavra
Que derrubasse um muro de hesitações
Parava o vento…
Tudo era êxtase sem norma nem sentido
Porque não querias falar
Porque não querias parar
Querias apenas sair das folhas
Que te serviram de leito
E te cobriram o sono em que vegetaste
Parava o vento
Cúmplice de ti… engano de mim
Passadeira da tua irreversível caminhada.