PARAVA O VENTO...

Quantas caminhadas, quantas desventuras

Quantos impulsos de coração incontrolado

Quantas vidas vividas numa só vida

Esperas intermináveis que mais pareciam mortes

Até que um corpo

Primeiro silhueta

Depois anatómico como tantos corpos

Saía do denso voo de folhas outonais

E parava o vento….

Só havia espaço para o espaço que ocupavas

Nada bulia

O silêncio era quebrado pelo som dos teus passos

O ar comprimido suava-te os lábios

Abertos…

Como se de ti fosse sair a palavra

Que derrubasse um muro de hesitações

Parava o vento…

Tudo era êxtase sem norma nem sentido

Porque não querias falar

Porque não querias parar

Querias apenas sair das folhas

Que te serviram de leito

E te cobriram o sono em que vegetaste

Parava o vento

Cúmplice de ti… engano de mim

Passadeira da tua irreversível caminhada.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 15/05/2012
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