Deixe-me

Tantos anjos, tantos gritos, ainda sim, eu estou no silêncio profundo provocado, apenas pelo simples fato de não poder mais viver minha vida sem você.

Ou seria o meu temível pesadelo ter que, ainda que, sem forças gritar... Meu sangue hoje esta como seus olhos, vivo, mas aqui, no fundo da minha alma negra, torturada pelos momentos que não se apagam, morto.

Não volte para mim, não me salve... Deixe-me apreciar suavemente a sensação de ter cada um dos ossos de meu corpo pisoteados, pelo meu orgulho. Deixe-me no deserto mais gelado, sobre as planícies mais quentes, deixe-me apenas sozinha como sempre estive.

Tranque-me novamente na sala dos gritos mais assustadores e de cenas mais terríveis, não volte nem me complete, deixe-me aqui, sem dono, nem amigos. Ou jogue-me no poço junto de seus urubus, assim, calmamente, sentirei minha carne sucumbida ser devorada por seus bicos.

Lança-me sobre a matina mais feroz de lobos de seu bosque. Ou roube de mim, tudo o que eu nunca tive... Tira-me essa vida infeliz que carrego, salva-me de ter que vê-lo, longe do alcance de meus braços e lábios.

Poupe-me te ter que ver seu corpo, junto à de um que não seria o meu...

Dayana Luiza
Enviado por Dayana Luiza em 03/02/2007
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