Pensando Com os Meus Botões

Observo, todos os dias, um homem "sujo".

Ele que anda pelas calçadas da Estação da Gare do Oriente a gesticular e a falar sozinho.

Lembro-me, então, da "Alegoria das Cavernas" de Platão

E estabeleço um paralelo.

E penso sobre a relatividade da "loucura" que há entre mim e ele.

Eu vivo tentando adaptar-me a estes padrões engessados da nossa sociedade e acredito-me livre.

Ele, o mendigo... É livre!

E, por instantes, observo a insanidade minha e das pessoas

Sempre com pressa, sempre girando em torno do padrão social.

Medrosos todos!

Vivemos com medo de sermos despedidos,

Do salário não dar conta das contas,

De falarmos alto demais quando pensamos,

De dizermos ao nosso chefe que não concordamos,

De dizermos até que amamos!

Medos, medos, medos!

Por que é que todos os nossos jovens têm que beber muito,

Falar bobagem; que "comeu" quem nem beijou;

Que "cheirou", fumou ou mentiu

Para que possa "caber" dentro desse padrão esdrúxulo

E caótico de sociedade em que estamos inseridos?

Quem quiser beber, beba ou não!

Fume ou não! Cheire ou não! ...

Sigo impaciente!

Não sejamos ditadores das vidas dos outros

E nem excluamos ou desdenhemos das escolhas todas!

Elas não são as nossas! ...

E como somos imbecis à ponto de pensarmos

Que o nosso padrão é "O" padrão.

Viva a liberdade e o respeito pelas diferenças de cada um!

E a expressão! ... Atenção!

Que importa se o próximo é evangélico, budista ou ateu?

Que hipocrisia é esta?

Se todos nós somos presos pelo fio fininho da fé ou ausência dela?

Hoje eu fiquei, de fato, muito triste com algo.

Àqueles que me odeiam... Odeiem à mim!

E tentem atingir àpenas à mim! ...

Eu não tenho tempo para isso!

E nem me preocupo nem um instante do meu dia com isso.

Odeiem-me! ... Amem-me! ... Deixem-me em paz!

Mas, por favor, odeiem-me com força e de verdade

E apenas à mim.

Não direcionem as suas setas de venenos aos meus bens quereres.

À mim, por favor!

Eu, gentilmente, observarei-as passarem as setas por mim.

Posso até palitar os dentes com elas.

Elas apenas passam... Sempre!

O meu coração é repleto de fé,

Caridade e desejo de transformação cotidiana e tão minha.

Caminhemos para frente e para o alto e de mãos dadas.

E viva todas as nossas diferenças e mesma igualdade

Sob o olhos do Pai ou Mãe ou de apenas uma flor.

E somos todos loucos e "presos" a padrões.

Por mais que não queiramos ser... Pobre de nós!

Hoje...

Eu saúdo ao Homem Livre que passa por mim todos os dias...

Na Estação Central da Gare do Oriente.

Karla Mello

20 de Maio de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 19/05/2012
Reeditado em 14/01/2015
Código do texto: T3677148
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