De que adianta


De que adianta gritar se não tenho sequer certeza de que eu mesmo me ouço.
De que adianta reclamar se não posso me asseverar de que eu mesmo tenha entendido.
De que enfim adianta insurgir-me se sequer tenho certeza que compreendo de forma mínima o que é realmente viver, o que significa realmente amar, o que possa ser dignificar a essência da vida, e o que seja realmente me revoltar contra as imposturas sociais e humanas que acabamos assumindo como verdades.
 
Posso não ter todas as respostas, mas não respondê-las não significa que possa por isto me omitir da realidade cruel que assola a humanidade como um todo, onde mesmo aqueles que percebem a insana situação de abandono, exclusão e omissão de muitos, acabam se omitindo, ou acreditando que basta a caridade para solucionar o caos social que está fazendo de nossa índole moral um conto de ficção frente a realidade moral de nossa sociedade. A caridade é bela e necessária, mas não põe fim as mazelas que nós mesmos construímos.
 
Sempre adianta gritar, reclamar, insurgir-se, revoltar-se e insubordinar-se quando o ideal maior é a sociedade humana que me parece abandonada ética, social e humanamente. 

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 30/05/2012
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