SÔFREGO...
Olhos postos na mudança das marés
Sentido na derivação dos ventos
Como se fosse um catavento
Ali me posto inerte no cimo da falésia
Onde o sol encurta distâncias
Onde o ar arrefece mais cedo
E os pássaros me fazem tangentes
Em provas de perícia
Que me exploram sorrisos
Espero, sôfrego, que a brisa me reconheça
E me venha despertar da apatia
Os seus caminhos ainda beijam o mar
Antes de subirem à falésia onde me encontro
Mexo os pés para ter a certeza de que não estou plantado
Apenas inerte
E sôfrego
Porque a espera gera emoções contidas
Acionando labirintos nas entranhas
Disfarçadas pela frieza facial
Os meus olhos são o farol que tudo observa
O meu corpo o alvo que anseio sentir tocado
Sôfrego, aguardo avidamente o meu momento