SÔFREGO...

Olhos postos na mudança das marés

Sentido na derivação dos ventos

Como se fosse um catavento

Ali me posto inerte no cimo da falésia

Onde o sol encurta distâncias

Onde o ar arrefece mais cedo

E os pássaros me fazem tangentes

Em provas de perícia

Que me exploram sorrisos

Espero, sôfrego, que a brisa me reconheça

E me venha despertar da apatia

Os seus caminhos ainda beijam o mar

Antes de subirem à falésia onde me encontro

Mexo os pés para ter a certeza de que não estou plantado

Apenas inerte

E sôfrego

Porque a espera gera emoções contidas

Acionando labirintos nas entranhas

Disfarçadas pela frieza facial

Os meus olhos são o farol que tudo observa

O meu corpo o alvo que anseio sentir tocado

Sôfrego, aguardo avidamente o meu momento

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 08/06/2012
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